|
A Tentação Ultra-Liberal
No número de aniversário da Revista Villas & Golf faz, plenamente, sentido felicitar o seu Director, bem como toda a equipa que, com ele, tem vindo a ser responsável pela produção de um orgão de informação de excelente qualidade.
A Revista Villas & Golf veio colmatar uma lacuna no panorama da nossa informação, pautando a sua intervenção por objectivos de isenção e de qualidade, constituindo um bom exemplo num sector que, infelizmente, não tem sido imune às mais diversas formas de pressionamento medíocre.
Não queria, todavia, deixar de aproveitar a oportunidade para transmitir algumas ideias-força que resultam de uma análise teoria/realidade a que tenho vindo a ser sensível, de há muitos anos a esta parte.
Se é verdade que as teses neo-keynesianas nem tudo resolvem em economia aberta (uma vez que a falta de competitividade externa pode levar a uma atenuação do efeito multiplicador do investimento), também não é menos verdade que nem sempre funciona o princípio da automaticidade dos mecanismos reequilibradores do mercado.
Tal significa que a tese segundo a qual, ao se enveredar por um “export led growth model”, se está, necessariamente, condenado a esperar pela recuperação da situação económica internacional, o que irá, por sua vez, permitir que – um dia ... – as exportações aumentem, criando-se condições para uma retoma da actividade produtiva nacional, quase equivale a encomendarmo-nos a Deus Nosso Senhor, esperando que Ele se lembre de nós ...
A tentação ultra-liberal segundo a qual tudo o que é Sector Empresarial do estado é, necessariamente, mau e tudo o que é Sector Privado é, obviamente, bom, solucionando o mercado todos os problemas e não fazendo sentido que se recorra a qualquer forma de intervenção do Estado na economia – v.g. ao investimento público – já deu no passado tristes resultados, não fazendo sentido passar-se de uma para outra forma de fundamentalismo.
Infelizmente, a memória é curta para muitos, nomeadamente para aqueles que limitaram a sua existência a Gabinetes de Estudo e a uma actividade de consultadoria mais orientada para a teoria do que para a prática ...
© 2006-2010, António Rebelo de Sousa.
Todos os direitos reservados. |
|